Amores de Tibiasula

Thais

Sinto muito, Thaís. Não dá pra te amar.

Hot Darashia

Uma cabana no deserto era tudo o que tínhamos. O suor descia louco pelas curvas do nosso corpo e acabava-se por evaporar em paixão incandescente. Sufocados pelo desespero da necessidades de nossos apertos, gritávamos pelas dunas. Encontrávamos em mãos e perdíamos em beijos insanos.

A areia desta imensa ampulheta que era Darashia caia rápido e os ventos calefantes nem pensavam em incomodar a ardência do nosso toque, até o último grão passar para o outro lado do deserto, marcar nossa despedida e construir a próxima casa de sol que abrigaria nosso calor.

Kazordoom à Meia Luz

Olhou o relógio e percebeu que a hora do encontro se aproximava. A cidade dos anões já não era tão visitada por habitantes de Tibia. As luzes amarelas eram fracas o suficiente para ofuscar os ratos a correr pelos corredores do subsolo e o calor e sistema de ventilação afugentavam os mais vulneráveis. O lugar era perfeito. A medida que os ponteiros de juntavam, ela suspirava com mais frequência.

Dada a hora, sentiu uma respiração aproximar-se de seu corpo. Ele chegou e sem olhar para trás, ela sorriu.

O homem tapou-lhe os olhos com um pedaço de tecido escuro e virou-a e para um beijo. Ela correspondeu para que se amassem. Sua vontade de descobrir o rosto dele não era maior que a vontade de tê-lo e sabia que se um dia ela soubesse, teria que morrer.

Se despediram e ele sussurou a hora e o local do próximo encontro enquanto partia vestindo sangue.

Cartas de Liberty Bay

Por dias, todos eles, A.L. mandou cartas na esperança da mais simples resposta.

A decisão do amado deixou-a a recolher pedaços do próprio coração espalhado por toda Liberty Bay. As memórias de um amor interrompido pela ganância preenchiam seus dias com tristeza.

Sem orgulho, ela rezava enquanto escrevia a próxima carta para Nargor esperando um dia que ele volte e a queira. Podia ele não amá-la, mas ela morreria amando.

Às Bruxas de Venore

As mãos juntaram-se ao peito. A bruxa do pântano dizia que o amor não era impossível, mas talvez precisasse de alguma ajuda.

Ela correu para um lugar mais afastado de Venore, desenhou um círculo estranho no chão com uma pedra pontiaguda e derramou um pouco de sangue de seu pulso. Jogou os três fios de cabelo no centro do desenho e orou palavras sem sentido até mesmo para ela. Somente deveria fazer o que tinham dito.

Um fio de seu amado, um fio de seus cabelos e outro do primeiro ancestral que compartilham. Fácil quando tem-se um pai em comum. O amor acontece.

O Diamante de Yalahar

Encarou o espelho como fazia diversas vezes em sua rotina diária. Fitou o colar de pedras raras que pesavam seu pescoço, mas deixavam-na brilhante. Sua admiração solitária seguiu as narrações de seu toque a sentir cada curva do próprio corpo. Não havia amor maior. Despiu-se, deixando pele e jóias. O verde das esmeraldas dos brincos confundia-se com seus olhos, o marfim de suas pulseiras contrastava com seus cabelos negros e o esmalte vermelho-sangue de suas unhas combinava e se encaixava na mais preciosa de suas jóias. Ela se amou ali mesmo, pois não havia amor maior.

Ivory Tower

Ele sabia o que eu precisava. Sabia também o que queria em troca.

"Podemos resolver isso". Foi o que disse antes de um aceno de cabeça indicando o local. Me senti suja, mas não tive outra escolha. Era tomar como minha aquela desgraça, para não me desgraçar por toda a vida. Dei meu corpo a ele enquanto ouvia-o dizer que me amava. Palavras doces que chegavam amargas em minha alma.

(...)

Enquanto se vestia eu o matei. Não no plano físico. Matei-o no coração, para nunca mais lhe querer bem e senti-lo sumir do meu universo.

Ouro em Port Hope

- Confia em mim?

Eu respondi: agarrei-lhe a mão com força para corrermos a sequência de escadas.

Lá de e cima, o verde de port Hope me embriagava o estômago com borboletas vermelhas.

Foi então que se aproximou e me levou para tão alto que eu já não podia mais cair. Seus braços agarravam-me da queda e colocavam meus suspiros no céu. Perdi todos os tons de verde em olhos entreabertos e somente vi o ouro dos seus cabelos enquanto os beijos domavam meus instintos.

Ao fim, respiro a meus pulmões toda a natureza quase esquecida em um abraço enquanto olhamos para o alto tão de perto.

Corações de Svargrond

Contava seus quinze anos. O pequeno bárbaro sabia que ali não era mais lugar para ele. Havia conhecido alguém, uma paixão proibida pelo destino.

Na noite escolhida, ele juntou as poucas coisas que lhe eram de direito e saiu sem avisar ou deixar notícias. No local combinado, seu amor adolescente esperava, cabelos ao vento e beleza às luzes da noite congelante. Ele estendeu a mão e recebeu dúvida em resposta. Era difícil a decisão, abandonar o mundo conhecido e partir a uma nova existência de incertezas. Mas já era tarde para voltar, as mãos se juntaram em um aperto suave e um beijo selou o acordo.

O gelo que Svargrond tinha imposto aos corações havia derretido e o barco da ilha levou-os para longe do frio.