Alimentando Dragões

Alimentando Dragões


A morte lhe veio pela primeira vez aos trinta. Os sentidos falharam e antes mesmo de encontrar-se com o chão já não tinha ar nos pulmões. Pensou que talvez os deuses tivessem lhe agraciado com o dom de somente morrer uma vez, mas tudo aconteceu tão rápido quanto o desespero que emergiu de seus pensamentos quando se viu imóvel no passeio.



Arrastou-se para dentro de casa e caíram no chão. O morto e o vivo. Contemplou os ferimentos e o rosto tornar-se pálido. Houveram muitos que enlouqueceram na presença do seu eu cadáver. Diziam que era melhor que morressem quando crianças, pois mais tolerantes com a realidade, não ligavam muito para o que talvez não fosse considerado possível.



Um terceiro elemento na cena. Um pequeno dragão aproximou-se da porta aberta.






A idéia bizarra aos poucos tornou simples e comum e entregar seu próprio corpo para ser devorado por um filhote de dragão não parecia tão estranho, afinal eram somente resquícios de um receptáculo sem mais uso.






Agora penso que tão amigos. Ou talvez o dragão tenha realmente gostado da carne do humano.