Capítulo 3 - Acordo (Parte II)
.....A entrada de Theodoro Alcaparra na Greenshore Villa provocou arrepios em Gaius. Ver aquele homem transpirando álcool deixar um rastro de lama em seu carpete deixou-o enojado, mas ele manteve a pose. Cruzou seus braços, estufou o peito e começou:
.....- Então, pirata, o que falava sobre esse tal de tesouro?
.....- Eu já ti falei, Gaiu. O tesoro é do Nortu. Nortu é um pirata famoso na ilha de Nargo. Ele já bateu as bota e enterrô seu oro por essas terra.
.....- E o que te faz ter tanta certeza assim, homem? – disse Jerome frente a uma das portas da casa.
.....- Eu encontrei uns mapa que é do Nortu e... – o capitão foi interrompido por Gaius.
.....- E você pode nos mostrar esses mapas novamente, pirata?
.....- Craro que posso. Cê tem uma mesa?
.....Gaius Levisy fez um gesto para Jerome que abriu a porta dando acesso a uma espécie de escritório com uma grande mesa de madeira no centro. Theodoro entrou batendo as botas, para desespero de Gaius e seu de carpete. O capitão dirigiu-se a mesa, retirou os mapas enrolados das axilas e abriu-os, colocando alguns objetos para segurar as pontas.
.....- Pronto. Aqui está os trêis mapa do Nortu. Tem inté assinatura – e apontou com o mindinho da mão direita, onde faltavam três outros dedos.
.....- Nor-ton Sky-bell – leu Jerome que já estava analisando um dos mapas – Mas, homem, são três lugares diferentes. Em qual deles está o tesouro?
.....- A gente tamem num sabe. Só vamo sabê quando formo nus trêis lugar. Em um deles tá o tesoro – em seguida bateu no peito para que algo saísse de dentro dele, um generoso arroto. O mal cheiro inundou o ambiente e pode-se ver Jerome tapando seu nariz e desespero nos olhos de Gaius ao sentir o cheiro do rum sair da boca do bruto - O probrema – continuou - é que a gente num conhece nenhum desses lugar. Só conhece as ilha onde nóis moramo e o mar. O continente ainda é novidade pra nóis.
.....- Entendo – disse Gaius destapando o nariz – Mas, pirata, o que nós vamos ganhar com isso? Não estou interessado em ouro, já sou rico o bastante.
.....- O senhor Gaius gosta muito de livros, homem – Jerome iniciou sua fala - Acha que por um acaso o tal Norton...
.....- Ih, todo mundo fala que o Nortu sabia lê e tinha um monti de paper. O que é istranho...
.....- Você não sabe ler? – indagou Gaius.
.....- Eu? Pra quê?
.....- Cruzes!
.....- A gente num precisa sabê lê, Gaiu. A gente é pirata. Mas o negócio é que a gente roba tudo o que é di valor pra vendê dispois. Tem um monte de gente qui nem ocê que gosta de compra us livro, as estalta, us quadro e essas coisa de gente fresca.
.....- Interessante – e olhou para Jerome que assentiu com a cabeça.
.....- Nóis num tamo interessado nessas porcariada toda, nós só qué o oro, esses lixo tudo pode ficá pra ocêis.
.....- Acho que estamos começando a entrar em um acordo, piratinha, mas como podemos confiar em vocês? – e como se ele mesmo respondesse a sua pergunta emendou – Vamos fazer assim, vocês deixam esses mapas com a gente e...
.....Theodoro rapidamente recolheu os mapas da mesa.
.....- Nada dissu. Se cêis num confia na gente, a gente confia menos ainda nu cêis. Vamo fazê o seguinte, eu vô deixá um dus mapa cum vocês – e colocou um dos papéis sobre a mesa – Cêis dão umas olhada nele e vê onde fica esse lugar que o “x” marca. Aí a gente vai tudo junto. Se num for esse u lugar, aí nóis vorta e pegamô outro mapa e fazemô tudo di novo.
.....- Nossa, que esperto – disse Gaius espantado – Então está combinado, piratinha. Assim que analisarmos os mapas, mandamos chamá-los.
.....- Eu queru só vê, Gaiu. Se ocê tentá enganá a gente...
.....- Não farei isso. Eu mando chamá-los.
.....- Intão a gente tem um acordo? – e estendeu a mão para cumprimentar o nobre.
.....Gaius olhou para sua mão, a que ainda tinha todos os dedos, fez uma cara de “por favor, não me obrigue a isso”, olhou para Jerome, que fez que sim com a cabeça. Gaius usou toda sua força de vontade e apertou a mão de capitão Theodoro.
.....- Até mais, Gaiu. Tô isperanu, heim!
.....Gaius sorriu amarelo e acompanhou o pirata até a porta. Assim que ele saiu, subiu apressado para os aposentos a fim de lavar-lhe as mãos.
.....Theodoro Alcaparra andou alguns metros pelo caminho do norte e poço depois viu um de seus marujos gritando e correndo no sentido oposto. John Beringela, que tinha a boca costurada, abriu-a mandíbula o mais que pôde e soltou um sonoro:
.....- MACUMMMBAA!