"Eu gosto mais quando vocês gritam", ele disse, com a casualidade de quem fala com um velho amigo. Ela não respondeu, mas estava com uma expressão de quem teria dito coisas muito feias.
Cinco minutos se passaram, ele olhando para ela, ela para as correntes. Ela se cansou de fingir e levantou a cabeça para ver se ele ainda estava lá. Percebendo que ainda estava, voltou a encarar as correntes. O dragão grunhiu de contentamento e aceitou o desafio. Mais uns dez minutos se passaram e o dragão se deitou, ainda olhando. Quinze minutos. Absoluto silêncio na caverna, a luz das velas tremia nas paredes e no chão, mas não alcançava o teto. Meia hora, mas para a garota parecia muito mais.
Ela perguntou "O que você quer comigo?". A voz soou mais alto que ela esperava, ecoando várias vezes. "Eu ganhei." ele disse, mostrando os dentes como num sorriso.
Ela deu de ombros: "idiota"
"Se você não fosse você, já estaria morta depois dessa."
Um homem completamente desconhecido adentra a caverna..
Os dois estão acorrentados, a espada dele jogada lá longe, o dragão ronronando de alegria. Dois já é sorte demais pra ser verdade!
"Eu estava procurando meu irmão, que sumiu por essas bandas."
"Não interessa, me ajuda a escapar daqui."
"Ele gosta mais de você que de mim."
"AgrEon, estou com fome." Ele olha ao redor, constrangido. É, vai ter que deixar eles sozinhos ou morrer de fome. Eles não iam roer as correntes, então se foi pelo túnel atrás de comida de gente.
"Vê se você alcança sua espada."
Ele puxa a corrente, se estica, mas só alcança usando o candelabro.
O dragão volta rapidamente com um lobo, não vê que ele escondeu a espada atrás da pedra.
"Mas Agreon, humanos não comem lobos. Nunca ouviu falar da doença dos uivos?"
Funcionou. "Boa idéia. Ele é realmente idiota."
Ele parte as próprias correntes, e olha as da garota, com desdém.
"Tá esperando o que?!"
"Me dê um motivo."
"Prometo sim, agora me tira daqui." Ela foi solta, e eles foram juntos pelos túneis, só para encontrar o Agreon na entrada, arrastando um urso enorme. Os dois se enfrentaram, ela correu. Os dois foram atrás. O dragão pegou, não conseguiu segurar enquanto lutava. Ela fugiu, o homem tomou-a de refém.
"Mais um passo e a cabeça dela rola.", sussurrando para ela que estava tudo bem. Agreon rugiu, mordeu e queimou, mas a uma distancia segura. Admitiu a derrota como um orgulhoso que era, foi embora.
"Não me lembro de promessa nenhuma."
"Vai ter que cumprir" Ele saca a espada. Ela se afasta cuidadosamente, uma flecha já no arco, duas na aljava. Eles discutem brevemente. Ele guardou a espada e deu um passo, mais bem passado do que seria sensato, e por coincidência o seu último. A flecha cravou seu pé naquele tufo de grama. Gritos de dor, sangue, acusações. Ultimato.
"Decida se vai ser homem ou besta, e logo. Não uso mais de duas flechas por caça."
E ele decidiu errado.