Memórias

Esse 'conto' é baseado na minha terrível experiência...
Não tenho um dominio bom do português...
Tentarei ao máximo torna-lo agradável. Erros em geral, favor avisar...
Correção por Gabriel Esteves.

Os capítulos podem, ou não, ter uma sequência cronológica.
Boa leitura!

Eu acordava descansado e feliz lá por umas seis da tarde, pois teria uma atividade noturna com minha tropa. Enquanto caminhava pelos curtos corredores de minha casa, via minha mãe aproximando-se com um ares de preocupação. Estava apressada e me chamou até a sala.
Chegando, sentei-me no sofá de frente para meu irmão - que jazia num outro cômodo - e minha mãe, que então ateara-nos a inesperada cartada daquele dia. Nosso pai havia se acidentado. Estava voltando de viagem com sua moto - um modelo Falcon que sonhava possuir desde jovem -. Como que se não fosse nada sério, aquela moça de aparência regular disse-nos para permanecer em casa esperando sua volta com nosso pai, que imagináva-mos ter uns arranhões aqui e ali. E nisso ela partiu.



Já eram quase onze horas da noite quando recebi uma ligação. Era minha mãe. Disse que meu pai, ao contrário do esperado, jazia mal como só se pode ver com os olhos, e pediu para que orássemos por sua vida. Sem pestanejar, é claro, o fizera. Baixei lentamente o pescoço, e com toda a minha fé, pedi: “Deus, por teu amor, tire a dor de meu pai”.
Depois daquilo, o clima caloroso e tipicamente residencial prevalecera por poucos instantes. Felicidade, risos, brincadeiras. Eu sorria. Eis que então, faltando vinte minutos para as onze horas daquela inconveniente noite, escutara o portão a bater. Era Lito, um primo de meu pai. Sorri como anfitrião deveria, desejando-lhe uma boa noite. Apressado como só ele, respondera um vagaroso "noite" e puxara-me pelo braço até um ponto interno da casa.
Chamara meu irmão, que como num efeito dominó, trouxera, além de seus ouvidos - para que escutassem a notícia -, os de nossa tia e os de nosso primo. Um momento espantoso aquele, devo realçar. Um momento que provavelmente não esquecerei tão cedo. No corredor principal daquela casa, Lito lentamente abrira a boca para dar-nos uma pontada nos corações: “Gurizinhos, vocês precisam ser fortes, mas... O pai de vocês não resistiu.”.



As palavras me atingiram secas e diretas, mas eu não as entendia. Eu sabia o que significavam, mas não significavam nada. De fato, não coincidiam com minha realidade. Via todos a minha volta chorarem, e na tentativa inútil de me juntar a eles, forcei lágrimas que nunca vieram. Passou-se meio minuto até que, lembrando daquele rosto gordinho e barbado sorrindo enquanto eu descia as escadas para mais uma tarde de churrasco, sentira uma pontada no peito. Não aquela saudade que sentimos, mas aquele vazio inexplicável. Via tudo aquilo forte, muito forte. Fora então que, de sorrateiro, sem que ninguém percebesse, a primeira lágrima caiu.