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 Contos de um Suja-botas.

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Samuel
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Samuel



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MensagemAssunto: Contos de um Suja-botas.    Contos de um Suja-botas.  EmptyQua maio 23, 2012 6:40 pm

Matt Ybel.





Bem, eu não sei exatamente como se começa a escrever uma
história... Mas vou começar falando um pouco de mim.


Chamo-me Matt Ybel,
filho de Julit T. Ybel e de Margarida Tarelion, nasci em um vilarejo pobre do
sul, perto de Thais ou Venore, sou péssimo com localizações.


Bem, quando criança, uns três ou quatro anos, dane-se a
idade. Ganhei uma serpente de presente do meu avô. Ele presenteava todos os
netos com um animal de estimação, Ele falava que toda criança precisava de um
animal de estimação para desenvolver afeto, carinho e blábláblá. Na verdade
eram duas serpentes, uma pra mim e outra para a pessoa que eu mais gostava...
Minha mãe comprou uma gaiola para todos os meus irmãos e uma para ela na
expectativa de ganhar uma serpente Esverdeada puro-sangue, puff, jogaram
dinheiro fora. Por mais que eu gostasse da minha mãe e dos meus irmãos, tinha
uma pessoa que me alegrava mais e era também a única que estava sempre perto de
mim...


Dei minha serpente
para Judy Basckwitz, minha melhor amiga e a garota mais bonita que eu já vi em
toda minha vida... Pele branca como leite, cabelos ruivos como fogo... As
bochechas eram cobertas por sardas, era como se Banor tivesse feito-a no papel
mais puro, com as tintas mais caras do continente. Andávamos sempre juntos, eu
era um garoto baixo e magro na época, meus cabelos eram negros e andavam sempre
altos e bagunçados, meus braços eram finos e eu mal conseguia tocar em uma
espada. Zombavam muito de mim por isso, muito mesmo. Chamavam-me de Suja-botas
(Só a mim, não tinham coragem de falar isso pros meus irmãos que já tinham 1,80
com 14 anos de idade.), diziam que meu futuro era pisar em cocô de cabra, mas
não importava Judy sempre estava lá para me defender. Haha. Lembro-me bem da
ultima vez, estávamos voltando do celeiro quando Andy Greenhorn esbarrou em mim
propositalmente e depois me deu um empurrão, eu pedi desculpas mesmo sem ter
feito nada, mas ele continuou a me xingar e xingar (Coisa típica dos Greenhorn,
gordos filhos da puta.). Foi interrompido quando a bota esquerda da Judy entrou
no meio das pernas gordas e sujas dele, atingindo as bolas em cheio. Eu acho
que nunca ouvi um grito tão alto na minha vida, eu tomei uma surra quando
cheguei em casa, Judy deve ter apanhado também, afinal, ela era uma dama, e
damas não brigavam com gordos no meio da rua. Mas dane-se cara, foi engraçado.


Judy era filha do senhor Walter Basckwitz, a família dela
vivia de uma pequena criação de gado, acordavam cedo todos os dias para vender
o leite, faziam queijos, tortas e biscoitos.


Os pais de Judy eram rudes com a criação das filhas. Judy
era a mais nova de quatro meninas , todas passavam muito tempo lendo e
escrevendo, aprendiam dança e canto também, aprendeu a recitar poesias com
cinco anos, aos sete já sabia mais matemática que as irmãs mais velhas... Os
pais da Judy diziam que não queriam ver as filhas sendo obrigadas a cozinharem
para um camponês em troca de um teto, as meninas eram criadas para ganharem o
mundo. Judy me disse uma vez que não queria ser uma dama quando crescesse, disse
que queria ser poeta, ela até fez uma canção pra mim uma vez, apesar de estar
começando a escrever, as palavras soaram divinas aos meus ouvidos... Ela
cantou-a pra mim. Se me lembro bem, a canção era mais ou menos assim:


Quando o Sol


Tímido se esconder.


No horizonte


Sempre esperarei você





Não importa


Se é inverno ou verão


Você vai estar


Sempre no meu coração





Não importa


Se faz frio ou calor


Sempre estarei


Curando a sua dor.





E quando os medos


Baterem à sua porta


Lembre de mim


A voz que te conforta.





E quando o sol


Se erguer lá no céu


Vou lembrar


Da canção do Matt
Ybel.



...








De todas as irmãs, Judy era a mais legal. Ela era decidida e
tinha certo fogo no olhar, as irmãs dela meio que a repreendiam por isso, mas
ela não dava a mínima. Ela sabia que todas as irmãs eram quietas e tímidas
apenas na frente dos pais. Lembro-me bem da vez que ela me puxou pelo braço e
me levou sorrateiramente até o pé do muro da vila pra ver a irmã mais velha
namorando um arruaceiro... Ta, o cara era bonito, tinha um cavalo negro e uma
espada que brilhava mais que a lua, mas aquilo lá deve ter sido roubado de um
vendedor ambulante qualquer por aí.


Minha família, bem... Minha família se sustentava com um rebanho
de carneiros, a maioria dos garotos (meus irmãos, primos e o caralho) tinha o
sonho de virarem pastores de ovelhas quando chegassem à idade adulta, tudo por
causa do meu bisavô, dizem que ele podia falar com os animais, e que só bastava
um olhar para que todas as ovelhas parassem, recuassem e prosseguissem.


O caralho! Não acho que isso seja verdade, dizem que meu avô
fumava muito cachimbo também, ou ele tava colocando bosta de vaca no fumo ou
tava levando as ovelhas pra comerem maconha nos pastos do vizinho. Às vezes eu
acho que nasci no meio de um bando de retardados que acreditam em toda merda
que entra nos ouvidos. Sou o mais novo de cinco irmãos, tive problemas ao
nascer, as parteiras disseram que eu poderia perder o movimento das pernas e
tal... Ainda bem que não perdi. Eu sou o menor dos meus irmãos, meu irmão mais
velho caçava ursos quando tinha a minha idade, e eu até hoje não sei segurar
uma espada direito. Pretendo aprender esgrima algum dia e voltar pro vilarejo,
chutar a bunda de todos eles e rir da cara de suas esposas, Haha.


Voltando ao assunto, eu comecei a gostar da Judy, era a
única pessoa com quem eu podia conversar como gente, sem ter que ficar berrando
e fazendo gestos com as mãos. Ela me ensinou a ler e eu a ensinei a pescar e a
tocar um rebanho, ela era obrigada a escrever todos os dias e eu era obrigado a
tocar o rebanho também. Meus irmãos eram idiotas, mas eram idiotas grandes e
fortes, por isso eu tinha que fazer a minha parte e a parte deles às vezes,
foda-se também, mais experiência pra mim.


Judy conseguia fazer o meu mundo girar, eu gostava de ver o
nosso reflexo na beira do rio, gostava do perfume dela, gostava do jeito como
ela sorria...


Os tempos em que corríamos pelos campos fugindo das
obrigações, deitávamos ao ar livre e contávamos histórias um para o outro,
lembro também dos nossos “quases”, Troca de olhares, mãos que se esbarravam e
bochechas corando após cada gesto... Judy era a única garota com quem eu
pensava em me casar, imaginava como seriam os nossos filhos, talvez pequenos
garotos ruivos e valentes que não teriam medo da vida.


Tempo... Maldito tempo. Tão bonito e tão filho da puta como
uma sereia nua cantando sobre uma rocha, pronta pra te seduzir e depois te
estrangular com uma alga. Quando Judy completou quinze anos, seus pais
obrigaram-na a ir estudar fora, Carlin talvez, eles não disseram para onde ela
ia, sabiam que se eu soubesse eu iria atrás. Os pais da Judy não me tratavam
mal, mas sempre me lançavam um olhar de repreensão por eu andar com a filha
deles... Afinal, não queriam misturar o leite com cocô de cabra. Eu juro que
fiz de tudo pra convencer os meus a me matricularem também, mas o que a Judy tinha me ensinado não era o
suficiente, e eu meus pais não queriam quebrar a tradição dos filhos Suja-botas.
Fui a casa dela, decidi que deveria tomar coragem pelo menos uma vez na vida e
dizer tudo o que eu sentia, falar sobre como meu coração acelerava quando ela
chegava, de como minha cabeça se apertava a cada troca de olhares e de como as
borboletas faziam rinhas dentro do meu estomago cada vez que ela sorria...


Adentrei o quarto, ela estava fechando a mala, pronta pra
partir... Bem, eu fiquei parado como uma mula na soleira da porta, olhando
fixamente pra ela... Ela não parecia feliz, mas também não parecia tão triste
quanto esperei que ela ficasse... Ela sabia que se ficasse ali não teria outro
futuro alem de casar com um porco qualquer que o pai dela escolheria em troca
de algumas dezenas de vacas.


Abri minha boca, as palavras estavam de braços e pernas
abertas, pareciam rasgar minha garganta, mas mesmo assim, consegui falar:


- Judy eu te...


Droga, droga! Ela virou o rosto pra mim, aqueles olhos
castanhos e inocentes que me faziam perder o rumo desde que eu era criança
cumpriram seu trabalho mais uma vez...


- Eu te desejo uma boa viagem. - Consegui falar enquanto
abaixava a cabeça.


Sim, você deve estar pensando: Que cara mais idiota, era só
falar que amava ela e pronto! Mas não, não era só falar que amava e pronto...


Foram anos e anos de amizade, ela conhecia todos os meus
segredos e eu conhecia os segredos dela também, ela sofria por mim e eu sofria
por ela. Chamavam-me de afeminado por não sonhar em arrancar tripas dos ladrões
com uma espada e por andar sempre com uma garota, e as meninas da vila diziam
que ela era idiota por andar com um magrelo marica como eu, mas dane-se, nenhum
de nós se importava com isso, éramos o que éramos: felizes.


Os pensamentos arrombaram a porta do meu cérebro, e se ela
não sentisse o mesmo por mim? E se eu estragasse todo esse tempo de amizade com
minha idiotice? Eu era só um suja-botas condenado a passar a vida toda vendo
bundas de cabra balançando para um lado e pro outro. Ela escrevia, cantava e
era mais bela que o céu em noite estrelada... Ela não teria futuro ao meu
lado...


Ela pegou a mala, eu sentia como se dois gigantes lutassem
dentro do meu peito, meu corpo todo tremia vendo-a passar pela porta... Eu
perdi a razão.


Meu braço foi até o ombro dela e puxou-a para mim, eu fechei
os olhos com toda a força que me restava em meio a tanto nervosismo e
beijei-a... O tempo parou, eu apreciei ao Maximo a doçura e a suavidade dos
lábios dela encostando-se aos meus, nunca tinha feito aquilo antes, ela também
não... O filme de toda a nossa história se passou na minha mente, tive uma
sensação enorme de alivio e de felicidade extrema ao mesmo tempo, eu me senti
nervoso após alguns segundos. Pensei que era o fim de tudo, até que senti a
língua dela invadir minha boca e nossos corpos se encostarem, eu sentia meus
olhos ficarem úmidos... Abracei-a como uma criança abraça o seu ursinho de
pelúcia, sabia que era o nosso ultimo momento juntos, e isso me dava uma
sensação terrível... Ela aproximou-se do meu ouvido e disse:


- Promete que nunca vai esquecer nossos momentos... E que
nunca vai desistir daquilo que desejas?...


Eu fechei os olhos e falei a única coisa que me veio à mente
em meio a tanta confusão:


- Eu prometo.


Levei minhas mãos até os cabelos ruivos e macios dela, abri
meus olhos e encarei a carroça que chegava pelo caminho de terra, tomei uma
decisão naquela manhã:


Eu não seria um suja-botas pelo resto da vida.


_________
Se você leu até o fim, ligue para 0800 -08088-080 e ganhe um poster da madonna.
Gente, esse texto foi feito por um dos meus personagens, ficou longo, eu sei. Acho que em breve vou postar outra parte, dependendo da paciência pra escrever e do tempo, claro.
Desculpem pelos vacilos Sad
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Efemero
Nobre
Nobre
Efemero



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Personagem: Aril Ab Ladae
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MensagemAssunto: Re: Contos de um Suja-botas.    Contos de um Suja-botas.  EmptyQua maio 23, 2012 7:24 pm

Julit e Margarida? Seria um casal lésbico?

@Edit: Não li tudo. Vou ler quando chegar em casa. T+

@Edit2: Terminei de ler... Bem, eu acho que você escreve bem, mas... Apesar de ter achado uma boa historia, ela estaria melhor se não fosse a historia de um personagem de tibia. Creio que outros tipos de historias se adaptem melhor ao tibia. Ignorando esse pequeno fato, devo dizer mais uma vez que você escreve bem.

Notei algo peculiar na historia e tive a impressão que talvez você tenha tomado como referencia o filme "Ponte para Terabitia", já que a relação dos personagens da sua historia lembra um pouco a relação que os protagonistas do filme mantinham.
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Shouldgo
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Shouldgo



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MensagemAssunto: Re: Contos de um Suja-botas.    Contos de um Suja-botas.  EmptyQui maio 24, 2012 8:28 am

Muito bom, muito legal. Esse vai ser o começo de uma grande história, espero.
Dava um jogo, um filme, um livro, daria várias coisas, congratulações! sunny

@Edit: Essa história me lembrou um filme que vi na HBO há um tempo, me lembrou MUITO, até o nome da menina era parecido, Juli Baker.

@Edit2: Efemero já tem mais posts que eu, LOL.
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Samuel
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Samuel



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MensagemAssunto: Re: Contos de um Suja-botas.    Contos de um Suja-botas.  EmptyQui maio 24, 2012 10:21 am

Que porra, eu nunca assisti o "Ponte para Terabitia", já vi uns 25 mins de filme, mas nunca assisti o filme todo. Tenho vontade de ver. e quanto ao Julit, era um amigo meu que jogava a um tempo atrás, fiz o Matt em homenagem a ele. O nome do char era Julit Ybel.
E obrigado pra quem comentou, e Darkuz, eu inspirei o nome da menina num filme que vi também, mas a personalidade é bem diferente da garota que tinha lá (Meu primeiro amor, o nome do filme. Eu acho.), coloquei só o nome pq achei bonito: "Judy".
Acho que vocês gostaram, vou fazer uma continuação. Não sei quando vai sair pq to meio apertado esses dias com net e escola, mas assim que eu terminar eu posto. Dependendo do meu saco pra escrever, acho que vou lançar mais dois capitulos.
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Growl~
Mais de 3000?! Sem ss é fake!
Mais de 3000?! Sem ss é fake!




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MensagemAssunto: Re: Contos de um Suja-botas.    Contos de um Suja-botas.  EmptyQui maio 24, 2012 10:48 am

Que idiota, ele desperdiçou amarelo e rosa no rio...

Spoiler:
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Samuel
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MensagemAssunto: Re: Contos de um Suja-botas.    Contos de um Suja-botas.  EmptySeg maio 28, 2012 6:34 pm

Capitulo 2


Limpando os sapatos.


Eu me sentia sozinho. Muito sozinho. Não tinha mais com quem
conversar, nem tinha mais com quem falar sobre o que eu sentia. Desde que Judy
tinha partido, eu não sabia mais o que era sorrir, os primeiros dois meses
foram de total tristeza e desanimo, no terceiro eu comecei a ocupar a mente com
o trabalho, mas não estava adiantando muito.


Lembro-me perfeitamente da manhã em que tomei a decisão da
minha vida. Levantei junto com o sol, andei pelo vilarejo observando as
pessoas, os criadores de gado, os cães, os ferreiros e até os mendigos...
Engraçado como eles não paravam de trabalhar em nenhum momento, os berros do
rebanho se misturavam com o som de metal batendo em metal que o ferreiro
parecia ouvir com prazer. Parei em frente a casa da Judy, o pai dela estava na
porta sentado na cadeira de balanço, como era de costume. As irmãs estavam
lendo na varanda e a mãe estava varrendo a soleira. Eles não pareciam sentir
tanta falta da Judy, não sei se era impressão minha ou eles não realmente não
davam a mínima... Eu estava triste, precisava urgentemente falar com alguém.
Alguém que não fosse rir da minha cara e me chamar de tolo. Resolvi pegar a
estrada até a casa do tio Bernie.


O tio Bernie morava em um barraco um pouco distante do
vilarejo, a esposa dele tinha falecido bem antes de eu nascer, e o filho, meu
primo Carl, tinha ido ser ferreiro em uma cidade qualquer por aí. O tio Bernie
era um homem alto e forte, os músculos se confundiam com a gordura, as vezes. Com
o centro da cabeça já careca, a meia-lua de cabelos que restou era ruiva com um
tom de grisalho e uma barba da mesma cor. Ele quase sempre usava uma camiseta
branca e uma calça simples de couro... só trocava pelo casaco e o machado de
lenhador do trabalho. O tio Bernie era legal comigo, apesar de eu só ver ele
nas reuniões de família ou aniversários. Ele sempre mantinha o bom-humor e
sempre me dava conselhos legais...


Quando cheguei até a casa, vi o tio Bernie cortando alguns
pedaços de lenha no quintal, dei a volta e fui até ele, ele me olhou e disse:


- Matt, o Ybel mais bonito de todos os tempos! Depois de
mim, é claro. – abriu um sorriso bobo e alegre, eu sorri também. Ele
prosseguiu:


- O que te traz até aqui, filho? Veio me perguntar como se
faz para conquistar os corações das donzelas, hã??


O Tio Bernie me contava de suas aventuras amorosas quando eu
tinha dez anos, não vou citar nenhuma, pois pretendo que minhas histórias sejam
contadas para crianças normais algum dia. E acreditem, as histórias não eram
agradáveis aos meus ouvidos.


- Não, tio Bernie... Eu ando um pouco confuso ultimamente,
sabe? – Respondi com os ombros caídos.


Tio Bernie suspirou como se tivesse visto a cena milhares de
vezes e me chamou para dentro da casa, lá ele abriu uma garrafa de cerveja pra
mim e outra pra ele, empurrou no meu peito, sem me perguntar se eu queria.


- Mulheres? – ele perguntou.


- Mulher. – eu respondi de imediato.


Tio Bernie soltou outro suspiro longo, sabia que a coisa ia
ser complicada, mas prosseguiu:


- Mulheres, hoho.
Como viver com elas? Como viver sem elas? Isso pode soar estranho aos
seus ouvidos, Matt. Afinal, nunca me viu com uma mulher desde que nasceu,
certo?


- Acho que sim... Tio. – eu respondi um pouco envergonhado.
Tio Bernie tinha fama de solitário, mas já ouvi dizerem que ele era um homem
mulherengo também, eu estava confuso.


- Matt, Matt, Matt. – ele disse após um gole de cerveja – Eu não queria mais me envolver com mulher
alguma, entende? Desde a morte da sua
tia Vivian, eu não consigo mais me apaixonar por outra mulher, mas meu corpo
precisa de alimento, como o de todos os homens. Minha cabeça diz que não, mas o
meu corpo... Bem. Haha. Imagine que o a sua mente é um cão. Um cão de caça. E o
seu corpo é o caçador, os dois estão perdidos na mata fechada, sem alimento e
sem esperanças de acharem algum vilarejo próximo. O cão sentirá fome e
procurará algum animal pela floresta, se não achar, morrerá ali junto do
caçador, dando importância a lealdade e ao companheirismo, certo? Bem, o
caçador procurará por algum alimento, sente a fome come-lo por dentro, vê que
se não comer alguma coisa depressa, morrerá... Bem, o que acha que ele fará?


- Ele... come o cão? – eu respondi sem entender muito bem.


- Exato. Ele come o cão. A mente manda seu corpo fazer as
coisas, mas quando você se vê no extremo, se guiará pelos extintos, tentará se
manter vivo não importa quão caro isso vá custar.


- E o que o senhor quer dizer com isso?


- Quero dizer que você precisa alimentar o seu corpo antes
que ele coma sua mente. Uma mulher é um problema, outra mulher é a solução. –
ele soltou uma gargalhada divertida sob a barba ruiva e tomou outro gole de
cerveja.


- Obrigado, tio Bernie. – eu disse um tanto nervoso, eu não
queria outra garota, eu queria a Judy! Não me imaginava entrando em um bordel
algum dia... Eu não gostava muito de prostitutas.


Tomei cerveja pela primeira vez na vida, eu estava tão
nervoso e tão triste que não pensei em uma solução melhor, afinal, todos os
homens que eu conhecia bebiam quando se sentiam tristes. Não me lembro quantas
garrafas tomei, mas me lembro de cantar “A canção do bordel de cabras” com o
Tio Bernie. Não vou entrar em detalhes... Envergonho-me dessa parte.


Eu fiquei bêbado, e com mais coragem que nunca. O mundo
parecia ser uma linda mulher que, a cada gole, sorria pra mim, desejando curar
minhas tristezas. Voltei ao vilarejo no final da manhã, Andy Greenhorn estava
alimentando os porcos perto da entrada quando me viu chegar, me barrou com um
empurrão e disse:


- Aonde você vai, puta??


Eu estava muito fora de mim naquelas alturas, eu virei o
rosto pra ele e fiquei olhando, com os olhos cansados.


- O que foi? A bixinha perdeu a voz? A Judy não está mais
aqui pra te defender, hã? Acho que ela foi vender aquela bundinha em outra
cidade, todos os homens do vilarejo já est-


Meus punhos se chocaram com as bochechas gordas dele, foi um
soco forte e certeiro. O rosto do filho da puta virou e o corpo foi caindo
junto. Eu não tinha nenhuma idéia do que eu tinha feito, nem de onde eu tinha
tirado tanta coragem e força pra fazer aquilo. Mas fiz.


Eu tava fudido, e tinha noção disso. Os irmãos do Andy eram
maiores que ele, e eram mais fortes também, e eu só tinha dezesseis. Era
questão de tempo até verem o irmão babando na lama e perguntarem quem tinha
feito aquilo. Corri pra casa, fiz minhas malas, coloquei cinco camisetas e três
calças, calcei os sapatos e pulei a janela sem chamar a atenção dos meus irmãos
ou dos meus pais. Eu me sentia como um herói, talvez o herói mais idiota da
história, mas foda-se, eu tava muito louco.


Subi no cavalo de um dos meus irmãos e peguei a estrada, não
tinha nenhuma idéia de como chegar em alguma cidade grande, muito menos se
tinha alguma escola nelas. Suspirei e cavalguei pela estrada de terra que
levava para a saída do vilarejo. Talvez fosse
hora de deixar de ser um menino e virar um homem... Um homem idiota, quem sabe.


________________________
Ta aí o segundo capitulo.
Eu queria pedir um pouco de paciência pq eu perdi boa parte do que eu tinha escrito por problemas no PC, também não dei uma revisada muito boa, mas tranquilo. Não sei se vocês notaram mas nesse segundo capitulo teve uma falta de detalhes, fiz isso pra o texto não ficar gigante e o pessoal nem ler ;((
Criticas construtivas são bem-vindas, essa é a primeira história que eu resolvi continuar. Espero que vocês me digam onde que eu preciso melhorar, onde preciso tirar e onde preciso por. Obrigado Very Happy
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Roleplayer2000
Ainda novato
Ainda novato
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Ficha da Personagem
Personagem: Kyle Fisher
Vocação: Knight

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MensagemAssunto: Re: Contos de um Suja-botas.    Contos de um Suja-botas.  EmptySáb Jul 07, 2012 8:20 pm

Contos de um Suja-botas.  Images?q=tbn:ANd9GcSmG1J9UlJ5_WtKaqfRZ4pEVeQi4MZ3PKYse-D54vxm8ZU8NLPNaFk3urE

Tá aí sua recompensa por fazer uma história tão criativa e boa.

Pra falar a verdade...

...Contos de um Suja-botas.  Z
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MensagemAssunto: Re: Contos de um Suja-botas.    Contos de um Suja-botas.  Empty

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